Evento foi conduzido pelas vereadoras Aladilce e Marta

A importância de uma política de saúde mental com liberdade, cuidado e dignidade, foi o tema da sessão especial “Por uma sociedade sem manicômios” realizada na manhã de terça-feira (27), no Centro de Cultura da Câmara Municipal, pelas vereadoras Aladilce Souza (PCdoB) e Marta Rodrigues (PT). O evento, em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, contou com a leitura de uma

Carta aberta assinada pelo Movimento Antimanicomial e pela AMEA, denunciando a precariedade da rede de atenção psicossocial em Salvador e reivindicando uma Política de Saúde Mental antimanicomial consistente e discutida com usuários e trabalhadores da área.

Compuseram a mesa o coordenador da Associação Metamorfose Ambulante, Eduardo Calliga; a assessora especial da Pessoa com Deficiência da Setre, Marleide Nogueira, representando o secretário Augusto Vasconcelos; a representante da Sesab, Beatriz Teixeira; Everaldo Braga, presidente do Conselho Municipal de Saúde e a atriz Elisleide Bonfim, representando coletivos antimanicomiais.

A sessão foi marcada por depoimentos emocionados de familiares de usuários da estrutura de saúde mental do Município, defendendo a importância do fim dos manicômios. Elisleide confessou que enfrentou vários internamentos e só encontrou saída no teatro, o “remédio” mais eficaz.

“Queremos todos os CAPs funcionando com boa estrutura física, equipes completas e materiais para as atividades terapêuticas. Queremos a habilitação dos CAPs 2 para 3, 24 horas, e a abertura de novos CAPs infantil e CAPs AD para o município. Exigimos melhor estrutura nos serviços. Onde está a verba destinada para a qualificação da RAPS? Exigimos também, pelo menos, um centro de convivência ou distrito sanitário em Salvador”, são pontos da carta aberta do Movimento Antimanicomial lida ao final da Sessão.

Aladilce acompanha a política de saúde mental em Salvador desde a década de 90, quando em Salvador a assistência era feita exclusivamente por manicômios, com cerca de 2000 leitos. Segundo ela, ao longo do tempo e a partir da Lei 10216, da Reforma Psiquiátrica, o movimento antimanicomial vem impulsionando a construção dessa rede substitutiva e fechando hospitais.

“Continuaremos lutando pelo cuidado em liberdade, buscando garantir serviços de saúde, inclusão produtiva e cultural para as pessoas com transtorno mental”, frisou Aladilce, que protocolou, na Câmara, o projeto de criação da Frente Parlamentar de Saúde Mental.

Marta, no seu pronunciamento, disse que a luta antimanicomial, que propõe o fim dos hospitais psiquiátricos e o fortalecimento de uma rede de atenção psicossocial com CAPS, residências terapêuticas e outros equipamentos, faz parte da luta por direitos humanos e tem seu total apoio.

Autora: Monica Bichara

Mônica Bichara é jornalista, com atuação na política de Salvador, Bahia. Formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), iniciou carreira jornalística em veículos como o "Jornal da Bahia", cuja história de resistência a fascinava . Sua trajetória inclui experiências em redações e assessorias de comunicação, com foco em temas sociais e políticos. Além da atuação profissional, atua na militância social e em defesa do meio ambiente. Escreve para o blog Pilha Pura.

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