Foto: Antonio Queirós

“Emendas desconfiguraram a tabela dos professores”, citou

Na primeira sessão da Câmara no Plenário Cosme de Farias, após o incêndio que interditou o Paço Municipal, em março deste ano, a líder da bancada da oposição, vereadora Aladilce Souza (PCdoB), creditou o acirramento da greve dos servidores públicos à decisão da base do prefeito em colocar a proposta de reajuste do funcionalismo em votação no último dia 22, anulando as possibilidades de negociação com a categoria. Como exemplo, citou as emendas apresentadas durante a sessão, realizada em sala fechada, “que desconfigurou toda a tabela remuneratória dos professores e nem atendeu às reivindicações das outras categorias”.

Ela defendeu que matérias dessa complexidade não sejam votadas em regime de urgência. “Nessa Casa, nós temos que ter um tempo para analisar, para aprofundar os estudos, para buscar assessoria qualificada na área. No caso dos servidores, a gente precisava comparar, ver se cabia no orçamento do município, ver quais emendas a gente poderia ouvir, conversar com as partes, fazer audiências, porque são matérias estruturantes da política salarial dos servidores municipais e não podem ser votadas como urgência urgentíssima, porque têm potencial de causar prejuízos aos trabalhadores”.

Fugiu ao controle

Segundo Aladilce, essa postura da bancada do prefeito levou a categoria a radicalizar a greve e pedir a revogação da lei aprovada. “Os servidores agora estão pedindo de volta o plano de carreira, porque o plano foi para as cucuias. Ninguém aqui tem condição de decidir na hora, nem a gente mesmo, só quem conhece as tabelas todas pode analisar”, comentou.

Quando a Câmara assume a responsabilidade de votar matérias dessa natureza, na opinião de Aladilce, assume também o ônus: “Fica nas costas da gente. O prefeito se livrou e jogou a bomba, a batata quente, para a Câmara. E nós vamos pagar por isso, a história cobra. A história cobrará dessa Casa. Porque nós somos 43 vereadores e vereadoras, seja da situação ou oposição. E temos a responsabilidade de votar no mérito, no conteúdo das proposições. A gente precisa ter tempo de saber, de estudar para votar com segurança, independentemente de sua posição. Eu quero lamentar, mais uma vez, que essa situação tenha fugido ao controle e a Casa, infelizmente, ter feito a opção de atender os apelos do prefeito, que inclusive não estava na cidade, chegou de última hora e mandou uma mensagem, uma emenda que fez esse descalabro na vida de tanta gente”.

Autora: Monica Bichara

Mônica Bichara é jornalista, com atuação na política de Salvador, Bahia. Formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), iniciou carreira jornalística em veículos como o "Jornal da Bahia", cuja história de resistência a fascinava . Sua trajetória inclui experiências em redações e assessorias de comunicação, com foco em temas sociais e políticos. Além da atuação profissional, atua na militância social e em defesa do meio ambiente. Escreve para o blog Pilha Pura.

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